"...Tempo, tempo tempo... Já não me assustas mais. Acho que me acostumei com sua passagem. Cedi ao fato de que és livre, e que tens pressa.
Mas vez ou outra ainda te enrolo, e te faço parar por um instante. Te faço demorar um pouco enquanto eu olho nos olhos de quem amo. Enquanto eu gravo os momentos na memória,esperando a saudade chegar.
És livre, tens pressa, mas ainda guardo um pedacinho de ti, quando passas por mim. Te guardo quando percebo que não te tenho, e que daqui a pouco, me vou junto contigo
."

sexta-feira, 16 de março de 2012

                  Meu antigo Cachoeiro.

É sempre assim. Toda vez que me lembro, a saudade aperta no peito.  

Uma casa sem muros, uma rua cheia de terrenos vazios. Um enorme pé de castanha. Pedaços da minha infância num bairro pacato de uma cidadezinha quente.
Quente, sim. Em aconchego. Quente como abraço de mãe.
Mas não pense senhora, que minha saudade é por distância. Não. Pois permaneço bem aqui, no meu pedacinho de chão. Minha saudade é por tempo.  É saudade daquele tempo de tranquilidade. Saudade das primeiras festas da cidade, do cheiro gostoso de amizade. É saudade do tempo em que todos aqui se conheciam, bem assim, como uma enorme família. Na grande casa –agora cheia de edifícios- que era meu antigo Cachoeiro.   


Notas explicativas:  O texto trata do desenvolvimento de Cachoeiro de Itapemirim, e do inevitável distanciamento que ele gerou entre as pessoas que aqui viviam. Porque apesar de cada vez mais as pessoas estarem mais próximas, por meio de tantas redes sociais e internet á mão no celular; cada vez menos elas vão umas nas casas das outras para simplesmente tomar um café. 


(Texto vencedor o VI Concurso Literário do IFES Campus Cachoeiro de Itapemirim - 2011)