"...Tempo, tempo tempo... Já não me assustas mais. Acho que me acostumei com sua passagem. Cedi ao fato de que és livre, e que tens pressa.
Mas vez ou outra ainda te enrolo, e te faço parar por um instante. Te faço demorar um pouco enquanto eu olho nos olhos de quem amo. Enquanto eu gravo os momentos na memória,esperando a saudade chegar.
És livre, tens pressa, mas ainda guardo um pedacinho de ti, quando passas por mim. Te guardo quando percebo que não te tenho, e que daqui a pouco, me vou junto contigo
."

sexta-feira, 17 de maio de 2019

Ser livre é ser só. Essa era a desculpa. A questão com desculpas é que elas não são eternas. Facilmente caem por terra, despidas.
Ser só é solidão apenas. É estar cercado, e ainda, se encontrar de pé em meio ao vazio. É virar o mundo do avesso sob uma perspectiva na qual há uma vítima e múltiplos vilões destinados ao sofrimento do mocinho. Crescer nos mostra, no entanto, que não existem pessoas más ou boas, apenas pessoas. Vivendo suas vidas, seguindo seus motivos... não o fazemos também nós?
Ninguém é obrigado a gostar de nós. Ninguém assinou pela responsabilidade de segurar nossa mão e nos guiar através dos caminhos tortuosos da vida, e tomar essa responsabilidade não é fácil.
Perceber que as coisas e os laços são passageiros requer maturidade e desapego. Desprendimento. Se doar e se encontrar em cada olhar sem esperar o que vai ser dado em troca. Sem buscar abrigo e segurança na presença de outrem. 
Nossa natureza humana nos tendencia ao cuidado e ao apego, mas se olharmos para os lados, nos veremos sós. Uma ave só ainda pode alçar vôo e realizar os variados movimentos que quiser, todo o céu livre pra si. Perde, porém, a estabilidade do bando que a protege contra os ventos fortes, que direciona o caminho e oferece segurança.
A família é um bando fácil e difícil de pertencer pela mesma simples razão: Não escolhemos. Nela precisamos acolher os diferentes de nós mas que, desmorone o mundo, estarão ali. O restante é só história. Ninguém fica pra sempre. Resta o olhar desprendido. Resta doar tudo de si e esperar que seja suficiente. Ou nada esperar.